A relação corpo-alma no homem, segundo Santo Agostinho : dualismo ou unidade substancial?
Nunes Costa, Marcos Roberto (Universidade Federal de Pernambuco (Brasil))

Títol variant: The Relation Body-Soul in Man According to Saint Augustine : Dualism or Substantial Unity?
Data: 2018
Resum: Antes de se converter ao cristianismo Agostinho compartilhou de duas concepções dualistas de homem: a maniqueia e a neoplatônica, as quais defendiam ser o homem um composto entre duas sustâncias opostas, ambas co-eternas na sua existência, com a diferença que na última a alma é de natureza espiritual, enquanto que para a primeira ser ela de natureza corpórea. Mas em relação ao corpo, ambas correntes defendiam ser este de natureza física e má. Com o cristianismo, Agostinho aprendeu que corpo e alma são duas substâncias criadas ex nihilo por um único ser Deus, que não poderia fazer senão o bem. Mas apesar de ter criado todas as coisas do nada, Deus não criou todas no mesmo nível de perfeição, havendo uma hierarquia de perfeição no universo. Tal é o caso do homem, um ser dotado de duas sustâncias distintas criadas que se completam para juntas formarem um novo ser - o homem: alma e corpo, sendo a primeira, de natureza espiritual, imutável e eterna, e a segunda, o corpo, de natureza física, mutável e mortal, menos bom ou menos perfeito do que a alma, a qual tem a tarefa de governar o corpo. Nesta concepção, o corpo, apesar de inferior, é algo útil e necessário, pois é através dele que a alma realizada várias de suas funções, dentre as quais as sensações dos objetos sensíveis. Tal é a cooperação entre alma e corpo em Agostinho que alguns comentadores chegam a interpretar que este teria defendido a unidade substancial entre alma e corpo, o aproximando de Aristóteles. Nosso propósito neste artigo é demonstrar que Agostinho não defende nem um dualismo radical, como o maniqueísmo e o neoplatonismo, nem a unidade substancial nos moldes da doutrina hilemófica de Aristóteles, mas uma posição intermediária, a que chamaremos de "concepção dual ou relacional", em que as duas sustâncias não se excluem, antes pelo contrário se inter-relacionam como co-participantes de tal forma que só ao composto das duas pode-se chamar de homem, mas que, ao mesmo tempo, são substâncias distintas, subsistem ontologicamente cada uma em si, mantendo a dualidade substancial.
Resum: Before converting to Christianity, Augustine held two dualistic conceptions of man: the Manichaean and the Neoplatonic one, which both claimed that man is a compound of two opposing substances, both of which are co-eternal in their existence, with the difference that according to the Neoplatonists the soul is a spiritual nature, while for the Manichaeans it is corporeal. In relation to the body, both these schools maintained that it is physical and evil in nature. From Christianity, Augustine learned that body and soul are substances created ex nihilo by a single God, who can do nothing but good. Yet, in spite of having created all things out of nothing, God did not create them all on the same level of perfection, there being a hierarchy of perfection in the universe. Such is the case of man, a being endowed with two substances created separately which complement each other in order to form a new being - man. These two substances are soul and body, the first being of a spiritual nature, immutable and eternal, and the second, the body, of a physical one, changeable and mortal, less good or less perfect than the soul, which has the task of governing the body. In this conception, the body, although inferior, is something useful and necessary, because it is through the body that the soul realizes several of its functions, among which is the perception of the sensible objects. Such is the cooperation between soul and body in Augustine that some scholars have concluded that he would have maintained a substantial unity between soul and body, in line with Aristotle. Our purpose in this article is to demonstrate that Augustine does not advocate a radical dualism, such as Manichaeism and Neoplatonism do, nor substantial unity along the lines of Aristotle's hylomorphic doctrine, but an intermediate position, which we will call a "dual or relational conception" in which the two substances do not exclude each other, but rather interact as co-participants in such a way that only the compound of the two can be called man. At the same time they are distinct substances, subsisting ontologically each one in itself and thus maintaining a substantial duality.
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Llengua: Portuguès
Document: Article ; recerca ; Versió publicada
Matèria: Homem ; Corpo ; Alma ; Dualismo ; Unidade substancial ; Mankind ; Body ; Soul ; Dualism ; Substantial unity
Publicat a: Enrahonar, Núm. Supplement Issue (2018) , p. 185-204, ISSN 2014-881X



20 p, 148.9 KB

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